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NotíciasEntrevistaArtes e Cultura26/06/2024
A linha de cursos massivos lançada pelo Instituto de Estudos Medievais é uma das concretizações do objetivo assumido por esta unidade de investigação de criar produtos com impacto societário. E, a nosso ver, o maior contributo da historiografia para inverter a atual adesão acrítica manifestada pela comunidade a conteúdos online é o de a conduzir à reflexão. Estamos convictos de que tal será conseguido através da chamada de atenção para o contraste entre histórias e memórias de assimilação antiga ou recente e as interpretações certificadas sobre temáticas medievais que apresentamos.
Por isso, o mote que torna coerente este conjunto dos cursos é o do questionamento de “verdades históricas” interiorizadas pelos portugueses em geral. Sejam “verdades” sobre a democracia dos concelhos medievais e a ausência de cidades no reino - de que nos ocuparemos neste primeiro curso - sejam outras relacionadas com os reis guerreiros, a religiosidade, o mundo rural, as viagens, os manuscritos iluminados, a literatura ou a iconografia.
O projeto estratégico do IEM para o quinquénio 2018-2023 tinha como um dos seus objetivos criar um MOOC sobre Idade Média. No mesmo período, alguns dos investigadores do IEM já tinham produzido, participado e/ou frequentado cursos na plataforma NAU. Pareceu-nos, assim, uma aposta segura e acertada.
Esta pergunta corresponde a uma formulação localizada daquela mais geral que se tem mantido ao longo das gerações: para que serve a História? Afastemo-nos dos lugares-comuns utilizados pelos políticos que conjugam lições e perspetivas, associando o passado, o presente e o futuro.
A História serve para desenvolver um raciocínio analítico que se atinge através do conhecimento e da comparação entre múltiplas organizações da sociedade.
Especificamente quanto à Idade Média, a imagem que se construiu ao longo dos séculos - caraterizada pela fome e doença dizimadoras, violência gratuita obscurantismo cultural e religiosidade exacerbada – instalou-se no nosso imaginário coletivo. Por isso, trazer alguma luz a este panorama sombrio, através do seu estudo, é contribuir para a distinção, tão necessária no nosso tempo, entre, por um lado, os mitos e, por outro, as interpretações baseadas em fontes credíveis.
O curso foi preparado a pensar em determinados grupos, como a comunidade escolar, mas pretende cativar a curiosidade e o interesse de um público mais alargado, uma vez que as sociedades atuais continuam a registar um profundo interesse pela época medieval. Este cenário é bem visível não só em Portugal, mas também em outros países de língua oficial portuguesa e comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Assim, torna-se difícil prever um impacto mensurável. Contudo, a experiência do IEM na elaboração de atividades de disseminação de ciência, bem como da plataforma NAU na disponibilização online de MOOC oferecem-nos já a certeza de que o curso será frequentado, por exemplo, por formandos de diferentes áreas geográficas, idades e níveis de literacia. Condições que nos permitem assegurar o cumprimento de princípios chave, como por exemplo, contribuir para a inclusão social no conhecimento e a formação ao longo da vida.
A plataforma NAU oferece um vasto leque de potencialidades para a produção e disponibilização de MOOCs, nomeadamente o seu BackOffice de preparação amigável ao utilizador, a sua equipa de profissionais especializada, atualizada e permanentemente disponível, e a parceria com o estúdio da FCCN. Todos estes elementos possibilitam o desenvolvimento de MOOCs gratuitos para a comunidade, com a possibilidade de os integrar mais tarde a longo prazo na plataforma edX.org . A plataforma também permite atingir um público muito alargado e diversificado (ex: origens geográficas, idades, níveis de formação, etc), com a possibilidade de analisar estatisticamente o perfil dos alunos que frequentam o curso e identificar aspetos a melhorar na construção de cursos.
A possibilidade de produzir elementos de avaliação que assegurem uma avaliação justa, transparente e imediata também é uma mais-valia.
Queríamos apenas deixar um apelo, a quem tomar conhecimento desta iniciativa, para nos acompanhar neste percurso multifacetado pela Idade Média.
As inscrições para o 1.º curso, intitulado “Portugal na Idade Média: um reino com municípios democráticos e sem cidades?”, já se encontram abertas . Com uma duração total de 15h, ao ritmo do formando, promete desconstruir “os equívocos sobre a organização política das comunidades concelhias e sobre o mundo urbano português medieval”. A formação terá início no dia 18 de julho.
Este curso é financiado por:
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