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ArtigoArtes e Cultura25/06/2025
Michel Giacometti é “uma figura incontornável da etnomusicologia em Portugal”, como destaca o portal BEROSE - Enciclopédia Internacional das Histórias da Antropologia. O francês chegou a Portugal em 1958 e, durante as três décadas seguintes, dedicou-se à recolha de músicas e tradições orais nacionais.
Em 1960, Giacometti fundou os Arquivos Sonoros Portugueses e, até 1974, dedicou-se à publicação da Antologia da Música Regional Portuguesa, com discos dedicados às regiões de Trás-os-Montes (1960), Algarve (1961), Minho (1963), Alentejo (1965) e Beiras (1970).
Em 1970, é responsável por um dos programas mais icónicos da RTP, a série “Povo que Canta”, que teve 37 episódios. O espólio das recolhas de Giacometti foi adquirido pelo Estado em 1985, sendo constituído por três conjuntos de bobines de fita magnética. Em 2003, ficou acessível para consulta pública, depois de tratado e digitalizado.
Um dos pioneiros do cinema etnográfico em Portugal, António Campos recorria a técnicas de cinema direto para documentar culturas e tradições. O seu primeiro documentário regista a última companhia de atum de um arraial algarvio, sendo filmado sem recurso a nenhuma equipa, apenas com uma câmara.
Seguiram-se, ao longo da sua carreira, filmes que registam comunidades de vários pontos do país como Vilarinho das Furnas, no Gerês, Rio de Onor, em Trás-os-Montes ou Vieira de Leiria. O filme de Catarina Alves Costa “Falamos de António Campos” apresenta o leiriense como “um cineasta excecional, um dos mais singulares realizadores portugueses”, destaca a Cinemateca.
A dimensão antropológica do trabalho de António Campos é reconhecida pelo próprio, numa entrevista de 1978.“Realmente tenho a impressão que fiz alguns bons retratos do meu povo”, destaca o realizador, antes de concluir: “Isso depende mesmo da forma como construo os filmes, dando apreço a coisas que certamente outros não darão porque são demasiado comuns ou estão por demais escondidas”.
Um nome incontornável da luta pela plena igualdade das mulheres em Portugal, Maria Lamas foi uma das primeiras mulheres jornalistas profissionais no país.Conforme recorda o Instituto Camões: “A luta pela dignificação e a emancipação da mulher, causa que sempre perseguiu, em várias frentes, inscreve-a na luta geral pelos direitos humanos”.
Uma das suas obras mais relevantes é a reportagem “As Mulheres do Meu País”, publicada em fascículos, em 1950, e que resulta de um trabalho de campo realizado ao longo de dois anos, de norte a sul do país. O portal Google Arts and Culture destaca este trabalho como “uma extensa coleção de imagens fotográficas que faz um retrato detalhado dos costumes, atividades e condições de vida das mulheres trabalhadoras portuguesas”.
O livro agrega os retratos em vários grupos de mulheres, como a camponesa, a operária, a mulher da beira-mar, a mulher da beira-rio, a doméstica, a intelectual e a artista, dando ainda a conhecer várias ocupações da mulher do povo.“A obra teve nos últimos anos uma redescoberta da sua singularidade fotográfica e sociológica”, destaca a Comissão de Comemoração dos 50 anos do 25 de abril.
Descrito pelo jornal Expresso como “um dos mais importantes e interessantes agentes de divulgação da música tradicional portuguesa”, Tiago Pereira tem-se dedicado, desde 2011, à recolha e divulgação de músicas tradicionais portuguesas, através do projeto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”.
O trabalho do realizador está disponível online, num portal que agrega mais de 7 mil registos em Portugal e no mundo. É também autor da série sobre música tradicional “O Povo que ainda canta”, transmitida na RTP2, e de um disco de gravações intitulado “Dêem-me duas velhinhas, eu dou-vos o universo”.
A vertente antropológica e etnográfica do seu trabalho fica também patente nas palavras do autor, na entrevista ao Expresso: “Gravo para humanizar tudo. Não gravo só música, gravo pessoas”.
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