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Entrevista23/11/2022
A Universidade de Évora promove na Plataforma NAU o curso "Investimento em Tecnologias Digitais". O docente Jacinto Vidigal da Silva conta-nos tudo sobre esta formação, destacando a sua relevância, no atual contexto tecnológico e empresarial, e sublinha o papel da NAU no cumprimento da missão desta instituição de ensino superior. “A Plataforma NAU permitiu-nos chegar a públicos que nunca antes tínhamos alcançado”, realça.
#1 Em que contexto surge a criação do curso “Investimento em Tecnologias Digitais”, por parte da Universidade de Évora?
O curso de “Investimento em Tecnologias Digitais” surgiu no âmbito das atividades do Conecta Pymes, um projeto liderado pela Junta da Extremadura. O objetivo desta iniciativa passa por melhorar as condições para a transição digital das PMEs da região EUROACE e aproveitar este processo de transformação para reforçar a sua competitividade.
A expectativa é que o aumento do conhecimento das tecnologias digitais permita a transformação dos negócios e o aumento do valor acrescentado dos produtos e serviços das empresas. O curso surgiu para ajudar as empresas a planear, avaliar e monitorizar os projetos que precisam de realizar para concretizar a transformação digital.
#2 Nesse sentido, a quem pode interessar esta formação?
A formação tem por objetivo dar a conhecer as principais tecnologias digitais aplicáveis ao mundo dos negócios e apresentar metodologias para planear, avaliar e monitorizar a implementação de projetos que envolvam estas tecnologias.
A questão é que este tipo de tecnologias tem impactos diversos nas empresas, que são em muito maior número e complexidade do que os produzidos pelos investimentos em tecnologias tradicionais. Por isso a avaliação e a monitorização dos projetos ganha maior relevância.
Aquilo que propomos são metodologias inovadoras no planeamento dos projetos, na sua avaliação e principalmente na monitorização dos seus efeitos. Até agora não existia uma metodologia sistematizada sobre o assunto, não estando divulgada pelos meios académico e empresarial o processo de avaliação e monitorização destes projetos. Existe por isso uma componente de inovação importante no conteúdo deste curso que foi desenhado para apoiar, em primeiro lugar, as empresas, bem como os estudantes de gestão e de economia. Às empresas, porque é oferecido um modelo de planeamento, avaliação e de monitorização dos projetos de transformação digital. À academia, pelo caráter inovador da adaptação das metodologias tradicionais à avaliação de projetos de transformação digital.
#3 A informação partilhada sobre o curso sublinha o contexto da “transformação digital e o surgimento da indústria 4.0”. Tendo em conta a diversidade de contextos abrangidos por este setor, como foi feita a seleção de temas e áreas a abordar nesta formação?
O problema inicial foi o de selecionar as tecnologias a abordar. Para isso, ao longo de vários meses, realizamos um conjunto de eventos que designamos por “Cafés Digitais”. Nestes programas, contámos com a presença de alguns dos melhores especialistas nacionais em projetos de transformação digital, que nos forneceram informação sobre as tecnologias mais utilizadas nos projetos das empresas e sobre as dificuldades que sentiam no planeamento, avaliação e monitorização dos projetos.
Com a experiência transmitida, foi possível criar um modelo teórico de aplicação das principais tecnologias ao longo da cadeia de valor de uma empresa industrial.
#4 Quais são alguns exemplos de soluções tecnológicas que podem ser consideradas, atualmente, oportunidades de investimento?
Nesta altura as empresas procuram investimentos do tipo 360 graus, que correspondem a projetos de grande dimensão e complexidade. Uma das soluções que o curso propõe é que seja realizado um esforço, no sentido de repartição desses grandes projetos em projetos de menor dimensão e, por consequência, de menor risco do que a renovação integral do sistema de informação e de produção das empresas.
Um grande número de empresas já detém websites e muitas apostaram, por força da pandemia, covid-19 em vendas online. Neste momento, há um grande interesse nas tecnologias de armazenamento de informação em clouds. Esta solução tecnológica, além de ser bastante mais barata que o alojamento da informação em servidores, também oferece maior segurança. Eu diria que a prioridade do investimento nas PMEs, nesta altura, deverá ser direcionada para a segurança e armazenamento da informação.
Após a resolução deste problema, é preciso pensar na produção de informação para satisfação dos clientes. Neste domínio, o investimento deve dirigir-se preferencialmente para a tecnologia blockchain e de inteligência artificial. A primeira para a obtenção de informação ao nível da produção e a segunda para disponibilizar informação sobre os interesses e vontades dos consumidores. Em conjunto, estas tecnologias permitem adaptar com maior eficiência a oferta de serviços e de produtos ao interesse dos clientes.
#5 Este é o terceiro MOOC promovido pela Universidade de Évora na Plataforma NAU. Qual o balanço que faz desta parceria?
O feedback que temos recebido do nosso público alvo é muito positivo. Aquilo que verificamos nestas semanas de oferta do curso na Plataforma NAU é que as empresas encontram na formação um recurso importante para se sentirem mais seguras no arranque dos seus projetos de transformação digital, na medida em que são apresentadas várias soluções tecnológicas e modelos de planeamento e monitorização dos projetos.
Por sua vez, os estudantes dão-nos conta da importância do curso na sua formação na área do investimento e no teste dos seus conhecimentos nestas matérias que encontram no final de cada módulo do curso.
#6 De que forma se enquadra a NAU na estratégia da Universidade de Évora, enquanto instituição pública dedicada à produção, socialização e transmissão de conhecimento?
Considero esta experiência muito importante para o cumprimento da 3.ª missão da Universidade: a missão de socialização e transferência de conhecimento e também para reflexão sobre o modelo de ensino-aprendizagem.
A verdade é que a Plataforma NAU permitiu-nos chegar a públicos que nunca antes tínhamos alcançado. O curso tem pessoas inscritas com os mais variados tipos de formação e abrange pessoas de todas as regiões do país e também já de alguns interessados dos países de língua oficial portuguesa.
Ao nível da Universidade de Évora, esta experiência pode oferecer informação muito importante para a reflexão sobre o modelo de ensino-aprendizagem. Os nossos estudantes têm mostrado muito interesse no curso. Vamos aguardar pelos resultados finais ao nível do ensino formal e da resposta aos questionários que foram inseridos no curso para extrair conclusões mais seguras.
#7 Há alguma coisa que deseje acrescentar?
Para terminar, gostaria de sublinhar a importância das transformações sociais e económicas que estamos a viver e já reconhecidas como 4.ª Revolução Industrial. Para as empresas, isto significa que não há alternativa se quiserem garantir a competitividade.
Porém, é preciso ter presente que os riscos de implementação de projetos de transformação digital são significativos em termos de tecnologias e das pessoas. Isto porque os projetos são mais de transformação dos negócios do que de digital. O que significa mudanças nos processos e procedimento que afetam o trabalho das pessoas. Logo, o sucesso depende da formação e do envolvimento dos recursos humanos das empresas no planeamento e implementação dos projetos.
O risco das tecnologias está na escolha das mais adequadas, atendendo ao vasto leque de opções disponíveis e que se altera em intervalos de tempo muito curtos.
No final do processo, antes da decisão final, é preciso avaliar os ganhos de rendimento e de redução de gastos induzidos pelos projetos. O curso de “Investimento em Tecnologias Digitais” oferece uma metodologia para ajudar a resolver este problema.
No final tenho de lembrar que o curso foi preparado em co-autoria com a profª Andreia Dionísio e o prof. José Correia, que muito contribuíram para o desenvolvimento dos conteúdos do curso e na apresentação dos vídeos.
Também preciso de agradecer ao grupo de trabalho do departamento de informática da Universidade de Évora, liderado pela engª Ana Filipe, por todo o apoio e competência e paciência que colocaram na montagem deste curso.
Agradecer ao colega prof. Paulo Silva pelo entusiasmo que sempre manteve ao longo do projeto e ao engº Joaquim Godinho por ter criado as condições para a sua concretização.
Também quero lembrar e agradecer os ensinamentos proporcionados por todos os que participaram nos 11 Cafés Digitais que se encontram disponíveis para consulta gratuita no YouTube.
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