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Entrevista17/01/2022
Destacando o valor do trabalho de campo e de equipa, Sandro destaca ainda o papel das ferramentas mais recentes na “criação de espaços de aprendizagem online”, que conduzem uma “experiência de aprendizagem cuidada”.
É uma pergunta com várias respostas possíveis e muitas mais designações a ter em conta. Para mim, um Instructional Designer é alguém que pensa sobre um curso de um ponto de vista ideal, desenhando percursos para maximizar a aprendizagem. É também um profissional plural, com noções sobre como funciona a Internet, o vídeo e outros meios de multimédia, de forma a tirar o melhor partido possível dos mesmos.
Um instructional designer é um “problem solver” cujo propósito é encontrar soluções para a adaptação de cursos à vertente online. Tal como os problemas que se apresentam são variados, há dias em que é mais fácil encontrar soluções do que outros, mas são dias gratificantes quando vemos as peças a encaixar na perfeição.
Durante os últimos 13 anos, tenho trabalho diretamente no campo do ensino a distância. Desde a criação de conteúdos interativos, pacotes de conteúdo e experiências de aprendizagem, até ao design de interfaces e à criação de material multimédia. Dentro de todas estas atividades, sinto que o mais complexo na construção de um curso é conseguir uma correta distribuição de atividades. Há um conceito que vem do mundo da gamificação do qual gosto muito: o “flow” , ou a capacidade do indivíduo maximizar a sua capacidade de concentração na realização de uma tarefa. É nisto que eu sinto que um bom curso se diferencia, mas é algo extremamente desafiante de conseguir.
O papel do instructional designer tem as suas bases bem assentes na área da educação. No entanto, há tantas outras competências que são fundamentais para desempenhar este papel em 2022. A Internet é cada vez mais complexa e as ferramentas de que dispomos também. Isso exige uma nova reflexão sobre o que um instructional designer deve fazer. A adicionar à capacidade de compreender a forma como adquirimos conhecimento, está uma base sólida sobre web e a forma como esta trabalha com os dados, inputs e outputs, por forma a compreender como a aprendizagem acontece num contexto online. Em termos de conhecimentos propriamente ditos, faz cada vez mais sentido conhecer as múltiplas plataformas disponíveis no mercado e o que estas oferecem, assim como as tipologias de cursos disponíveis, para sermos capazes de melhor adaptar os casos que nos são propostos a uma forma viável de implementação.
Estudei as duas. Comecei com a informática, onde aprendi os fundamentos do que é um programa de computador e de como estes comunicam com o utilizador. Daí passei para a construção de websites, que me deu a melhor ferramenta de que ainda hoje disponho, a minha experiência na resolução de problemas. A multimédia veio mais tarde, na Licenciatura, acabou por ser natural juntar as duas áreas. Ao longo dos últimos 13 anos, criei e desenvolvi muitos cursos com diferentes níveis de interação e recursos. Quanto à formação, é importante que esta nunca deixe de existir de forma consistente. Os sistemas mudam, a Internet também. Como designers instrucionais temos de ser capazes de extrair o melhor dos sistemas e para isso temos de os conhecer. Felizmente hoje podemos fazer cursos de curta duração que nos ajudam a adquirir novos conhecimentos num curto período de tempo.
Sendo parte da equipa da NAU, trabalho em permanência com o Open edX, um Learning Management System robusto e altamente escalável que dá vida aos nossos cursos MOOC. No passado, tive a oportunidade de trabalhar e desenvolver cursos para sistemas como o Blackboard e o Moodle. Apesar de diferentes, partilham muitas das funções base entre si. Estes sistemas permitem a criação de espaços de aprendizagem online e conduzem o utilizador através de uma experiência de aprendizagem cuidada. É através deles que o tutor consegue definir atividades e disponibilizar recursos, monitorizando o progresso do aluno através de poderosas ferramentas analíticas.
Como qualquer bom programador diria, as que precisar no momento (risos). Para não deixar a resposta tão curta, arrisco-me a falar um pouco da nossa plataforma. A NAU tem por base o Python, uma linguagem de programação incrivelmente popular, que nos permite desenvolver e alterar a plataforma às nossas necessidades de uma forma relativamente rápida. Quando necessário mexer com a parte que está mais exposta ao utilizador, recorremos ao Javascript, acompanhado por HTML e CSS, que eu descrevo como os três melhores amigos do programador Web. Em termos de instructional design, sinto que o investimento em qualquer uma destas três últimas representa valor acrescentado.
Essa é uma pergunta fácil: ser aluno e frequentar cursos online. As experiências de que gostamos influenciam tanto o nosso trabalho como as experiências de que não gostamos. Quanto mais cursos fazemos e mais informação consumimos acerca da matéria, mais cientes estamos sobre o que funciona e o que não funciona. Posto isto, é importante ressalvar que a nossa interpretação acaba sempre por ter o seu grau de subjetividade.
Para além do que já referi, sinto que só me falta um ponto, o mais importante de todos - ser capaz de ouvir e estar aberto a ideias diferentes da nossa. Ao longo destes anos, tive a oportunidade de fazer parte de equipas fantásticas com quem desenvolvi cursos de todos os tamanhos e feitios. Aprendi muito com todos os meus colegas e ainda hoje dou imenso valor a essa experiência. Não nos tornamos instructional designers num qualquer curso superior mas sim no trabalho de campo, a planear e a desenvolver em equipa. É aí que encontramos o nosso real valor.
O que faz um Instructional Designer? Quais as linguagens de programação que utiliza? Venha descobrir estas respostas com Sandro Costa.
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