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ArtigoCiências Exatas e Tecnologias16/03/2025
Um artigo recente da Euronews chama a atenção para um momento histórico – as redes sociais tornaram-se a principal fonte de notícias para a população jovem da União Europeia. “É oficial”, avança o artigo, “as redes sociais são agora a fonte número um para os jovens da União Europeia, ultrapassando a televisão e tanto os media impressos como digitais”.
Os dados mostram que 42% dos europeus entre os 16 e os 20 anos recorrem sobretudo a plataformas como TikTok, Instagram e YouTube para aceder a notícias “sobre política e assuntos sociais”. Ainda mais relevante é a opinião partilhada pelos adolescentes entre os 16 e os 18 anos, que dizem confiar mais no TikTok e no Instagram do que em qualquer outra plataforma.
De acordo com a investigação realizada pelo Reuters Institute Digital News Report, existem vários perigos associados a esta confiança, uma vez que várias plataformas de redes sociais “estão implicadas em vários problemas relacionados com a desinformação”. O uso de tecnologias de Inteligência Artificial para criação de deepfakes é destacado pelo relatório como uma das tendências que tornam a deteção da desinformação mais difícil.
É ainda relevante ter em conta que, neste contexto, algumas das principais plataformas de social media têm vindo a alterar os seus sistemas de verificação de factos. A Meta – empresa que detém o Facebook, Instagram e WhatsApp – anunciou, em janeiro deste ano, a substituição da sua equipa de equipa de fact checking por um sistema de “notas da comunidade”, à semelhança do implementado na plataforma X. “As eleições recentes [nos Estados Unidos da América] parecem um momento de mudança cultural para priorizar novamente o discurso”, afirmou o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
Este tema tem sido alvo de uma acesa discussão, levando a Comissão Europeia a identificar como “um dos assuntos mais prementes” para os os Estados-Membros da União Europeia o combate à “desinformação e a manipulação de informação”. De acordo com as estatísticas partilhadas por este organismo, 82% dos europeus concorda que a existência de notícias ou informação que não representa a realidade é um problema para a democracia; 77% concorda que este é um problema para o seu país.
Uma investigação recente da britânica Newsworks – um consórcio composto pelos principais órgãos de comunicação social nacionais do país do Reino Unido – mostra que esta é também uma preocupação dos britânicos. Um inquérito de 2023 mostra que apenas 25% dos inquiridos diz ter confiança nas suas capacidades para identificar notícias falsas. No mesmo sentido, 54% acredita que já foram levados a acreditar em notícias que, mais tarde, se revelaram falsas.
Segundo o Observatório Ibérico de Media Digitais, as redes sociais têm vindo a tornar-se também a principal fonte de notícias também dos portugueses, totalizando 87% dos inquiridos em 2022. Esta tendência trouxe desafios significativos para a qualidade da informação consumida. No mesmo estudo, 72% dos inquiridos deixaram de confiar num meio de comunicação após detetarem que este propagou desinformação ou notícias falsas.A Reuters Digital News Report 2024 evidencia também esta crescente desconfiança dos portugueses em relação à informação que consomem: entre 2015 e 2024, “registou-se uma quebra de 10 pontos percentuais na confiança em notícias em geral e de 13 pontos percentuais nas notícias consumidas”. À semelhança do resto do mundo, o tema sobre o qual existe uma maior identificação sobre conteúdo falso e/ou manipulado é a política.
Outro tema que tem aumentado a preocupação dos portugueses consiste na evolução da inteligência artificial (IA) na produção de conteúdos jornalísticos. Dos inquiridos do estudo Digital News Report Portugal 2024, produzido pelo Obercom (Observatório da Comunicação), apenas 18% afirmaram estar confortáveis ou muito confortáveis com a possibilidade de haver “notícias produzidas por IA com alguma supervisão humana”; já 43% mostraram-se desconfortáveis ou muito desconfortáveis.
Diante deste cenário cada vez mais complexo, torna-se essencial que o cidadão comum invista na sua literacia mediática. Identificar fontes confiáveis, reconhecer padrões de desinformação e verificar a autenticidade dos conteúdos antes de partilhar são alguns conhecimentos que todos devem ter para consumir informação de forma segura.
A formação online pode servir como uma forma acessível e flexível de obter conhecimentos sobre desinformação na World Wide Web. Na Plataforma NAU, poderá encontrar várias formações nestes temas. Um desses exemplos é o curso “Cidadão Ciberinformado”, promovido pelo Centro Nacional de Cibersegurança, onde poderá perceber o que são fake news e como se propagam, bem como aprender a verificar a veracidade de uma notícia ou informação online.
A NAU é cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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