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ArtigoCiências Naturais e Ambiente27/09/2025
A mensagem central da ONU Turismo é clara: “o turismo é mais do que um sector económico, é um acelerador do progresso social”. Para se afirmar como motor deste progresso, deve equilibrar a criação de empregos com a promoção da educação e de oportunidades inclusivas para toda a gente. É, então, essencial uma governação eficaz que se baseie no planeamento estratégico, acompanhamento rigoroso e o estabelecimento de prioridades bem definidas que coloquem a sustentabilidade, a resiliência e a equidade social no centro do seu desenvolvimento.
A transformação do setor depende de investimentos responsáveis, alinhados com a ação climática e na gestão sustentável dos recursos naturais, reduzindo emissões e protegendo ecossistemas, não descurando os impactos sociais. Também é crucial investir em educação e capacitação, sobretudo para comunidades vulneráveis, além de apoiar micro, pequenas e médias empresas e negócios inovadores. Desta forma, o turismo poderá contribuir para um futuro mais sustentável e resiliente.
Existem várias formas de cultivar e divulgar a importância de práticas de turismo mais sustentáveis e responsáveis. Uma das mais eficazes é a partilha de experiências, que pode ser feita através de blogs de viagem, tendo o potencial de funcionar como janelas para novas perspetivas.
Num artigo da Associação de Bloggers de Viagem de Portugal (ABVP) - organização sem fins lucrativos cuja missão se baseia em promover o desenvolvimento profissional dos bloggers que atuam no segmento de turismo, estimulando, em simultâneo, a criação de relações éticas e transparentes com os leitores e parceiros - é reforçada a ideia central de que o setor do turismo não pode ignorar a sua responsabilidade relativamente aos desafios ambientais e sociais inerentes à atividade. Devido ao seu crescimento considerável, este setor representa hoje cerca de 8% das emissões globais de gases com efeito de estufa, levando a fenómenos como o overtourism, que ameaçam a autenticidade de destinos e a qualidade de vida das comunidades locais. Cidades bastante afetadas pelo fenómeno, como Veneza ou Barcelona, já impuseram medidas restritivas para conter o fluxo turístico, mostrando que a gestão responsável deste setor é cada vez mais urgente. Alternativas como o turismo regenerativo e o turismo de base comunitária preveligiam práticas que devolvem valor aos territórios e envolvem as comunidades na criação de experiências.
Quer o turismo regenerativo, quer o turismo de base comunitária, têm como principal premissa "deixar o local melhor do que se encontrou inicialmente", retribuindo e apoiando as economias locais. Nestes casos é essencial a participação ativa das comunidades locais na gestão das experiências e na partilha dos benefícios económicos. Estas formas de turismo permitem aos viajantes um contacto mais autêntico com tradições e modos de vida, fortalecendo a identidade local e promovendo um desenvolvimento mais justo.
Para além da sustentabilidade, existe também uma dimensão ética que não deve ser ignorada. Questões como exploração laboral, turismo sexual ou a mercantilização de culturas vulneráveis exigem turistas mais conscientes e empresas mais responsáveis.
Os blogs de viagem podem, assim, tornarem-se aliados estratégicos, ao partilharem histórias autênticas, inspirarem escolhas mais informadas e ajudarem a transformar a curiosidade por conhecer o mundo numa prática de viagem ética, sustentável e enriquecedora.
Portugal tem batido recordes no setor do turismo. Em 2024, foram ultrapassados os 30 milhões de visitantes estrangeiros, que geraram receitas acima dos 27 milhões de euros. Já em 2025, o setor de alojamento turístico registou 18,2 milhões de hóspedes até o mês de julho.
Segundo o Turismo de Portugal, a Estratégia Turismo 2027 (ET 2027) definiu como prioridade a valorização do turismo enquanto motor de desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o país, alinhando-se com o Pacto Ecológico Europeu, cuja transição ecológica se encontra no centro das prioridades estratégicas. Com a Estratégia Turismo 2035 (ET 2035), o país procura reforçar essa posição, baseando a sua vantagem competitiva nos princípios da sustentabilidade, na diversidade da oferta e na valorização das suas características únicas e inovadoras. Dando continuidade aos resultados alcançados com o anterior Plano Turismo +Sustentável 20-23 e em alinhamento com a ET 2035, o Turismo de Portugal encontra-se a preparar um novo plano com horizonte até 2030 — o Plano Sustentabilidade, Economia Circular e Agenda Climática para o Turismo | Turismo +Sustentável 25-30. Este pretende consolidar os progressos dos últimos anos e estabelecer metas ainda mais ambiciosas, em consonância com os desafios globais e locais, assumindo como eixos fundamentais a economia circular, a neutralidade carbónica e a transição digital.
A nível de projetos nacionais, o Turismo Centro de Portugal destaca diversas propostas de turismo sustentável que evidenciam a diversidade e a riqueza do centro do território português, promovendo o equilíbrio entre desenvolvimento económico, proteção ambiental e valorização cultural e da identidade local. Entre essas iniciativas, assumem particular relevância os projetos distinguidos na edição de 2025 dos Concursos do Turismo Centro de Portugal. Projetos como o Bussaco Eco Park, o Ride & Tile ou a Rede de Aldeias Turísticas do Planalto das Cesaredas demonstram como é possível criar experiências diferenciadoras que respeitam o território, enquanto contribuem para o enriquecimento científico e para a diversificação da oferta turística.
O Turismo Centro de Portugal destaca também o "papel fundamental do setor para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”. O alinhamento do Centro com estas problemáticas já vem de há muitos anos, mais concretamente desde 1922, com a criação do Observatório do Turismo Sustentável do Centro de Portugal (OTSCP), que tem como principal missão a monitorização dos impactos económicos, ambientais e sociais da atividade turística na região.
A formação é essencial não só para reforçar a consciência sobre a importância da sustentabilidade no turismo, mas também para garantir que esta se torne uma prática cada vez mais enraizada. Nesse sentido, a Plataforma NAU promove o curso online e gratuito “Desenvolvimento Sustentável em Turismo”, dinamizado pelo Instituto Politécnico de Tomar. Destinado a profissionais, estudantes e entusiastas deste setor, o curso combina fundamentos teóricos e casos práticos, preparando os participantes para aplicar estratégias que conciliem desenvolvimento económico, preservação ambiental e valorização cultural. A formação tem uma duração de 25h, podendo ser concluída ao ritmo do estudante. As inscrições estão abertas até janeiro de 2026.
A Plataforma NAU é cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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