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EntrevistaSobre um curso05/11/2025
O stresse não deve ser tratado apenas como um problema individual, mas como um reflexo da cultura e dos sistemas organizacionais. As empresas precisam de evoluir de uma lógica reativa, centrada em mitigar sintomas, para uma abordagem preventiva e sistémica, que promova ambientes psicologicamente seguros, equilibrados e humanos. Isso passa por repensar o modo como se lidera, como se gere o tempo, como se comunica e como se mede o sucesso. O verdadeiro antídoto para o stresse crónico é uma cultura que favoreça o bem-estar, a autonomia e o propósito.
Hoje o stresse tem menos origem na quantidade de trabalho e mais na qualidade da relação com o trabalho. Falamos de falta de clareza sobre prioridades, de lideranças que ainda operam em modo comando / controlo, de sobrecarga digital e de culturas que confundem urgência com importância. Outro fator decisivo é a ausência de tempo para pensar, refletir e criar, algo que o ritmo acelerado das organizações tende a eliminar, mas que é fundamental para a saúde mental e o desempenho sustentável.
Os sinais mais visíveis são o aumento do absentismo, a queda de produtividade e a rotatividade. Mas há sinais mais subtis que pedem sensibilidade humana: pessoas mais irritáveis, silenciosas ou emocionalmente distantes, equipas que perdem humor e criatividade, ou líderes que se tornam excessivamente controladores. O stresse não se vê apenas nas métricas. Sente-se no clima emocional das equipas. A chave está em líderes que saibam observar, escutar e criar espaço para conversas genuínas.
A felicidade organizacional é uma cultura intencionalmente desenhada para promover o florescimento humano e o desempenho sustentável. Vai muito além da satisfação, que é um estado momentâneo e subjetivo. Falar de felicidade é falar de sentido, de relações saudáveis, de reconhecimento, de aprendizagem e de contributo. É criar condições para que as pessoas se sintam parte de algo maior, possam expressar o melhor de si e encontrar equilíbrio entre resultados e bem-estar.
Porque nenhuma organização é verdadeiramente sustentável se o seu crescimento se fizer à custa do esgotamento das pessoas. As métricas tradicionais como produtividade, lucro ou eficiência continuam a ser importantes, mas tornam-se incompletas se não incluírem o impacto humano. A felicidade, entendida como bem-estar integral e sentido de propósito, é o indicador mais fiel da saúde de uma cultura organizacional e da sua capacidade de perdurar no tempo.
A formação tem um papel transformador, mas não pode ser meramente informativa. É preciso formar líderes conscientes, equipas emocionalmente inteligentes e culturas que saibam cuidar de si. A educação emocional e o desenvolvimento de competências humanas como empatia, autorregulação e comunicação são tão estratégicos hoje quanto o domínio técnico.
Para além da formação, as empresas devem investir em políticas de bem-estar integradas: ritmos de trabalho mais saudáveis, espaços de descanso real, rituais de reconhecimento e, sobretudo, coerência entre discurso e prática.
Sem dúvida. Estes números revelam uma sede coletiva de mudança. As pessoas estão cansadas de modelos de trabalho que as desumanizam e procuram alternativas mais conscientes e equilibradas. O facto de o curso ter tido tão ampla adesão mostra que o tema deixou de ser periférico e que passou a ser uma prioridade estratégica. Estamos a assistir ao despertar de uma nova consciência organizacional em Portugal.
A NAU permite-nos chegar a milhares de pessoas e democratizar o acesso ao conhecimento sobre felicidade no trabalho. Acreditamos que a transformação cultural começa pela educação, e quanto mais acessível for, maior o impacto coletivo. A parceria com a NAU é, por isso, uma extensão natural da nossa missão: contribuir para um país com organizações mais humanas, conscientes e felizes.
O stresse é um sinal de que algo precisa de ser repensado. Não é fraqueza, é um pedido de mudança. A nossa mensagem é simples: não ignorem o sinal. O futuro do trabalho não depende apenas de novas tecnologias, mas de novas consciências. Liderar com empatia, promover pausas, valorizar o equilíbrio e o propósito são escolhas que salvam pessoas e constroem organizações mais fortes.
Acreditamos que cuidar da saúde emocional das pessoas é o maior ato de liderança do século XXI. O Dia da Consciencialização do Stress é uma oportunidade para refletirmos sobre como queremos trabalhar, viver e liderar. A felicidade organizacional não é um luxo. É o novo imperativo da sustentabilidade humana.
A NAU é cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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