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ArtigoCiências Exatas e Tecnologias10/11/2025
Albert Einstein não foi apenas um dos maiores físicos da história, mas também um defensor ativo da paz e da justiça social. Em 2015, a investigadora Kristen Ghodsee entrevistou o historiador alemão Wolfram Wette, especialista em história militar e nos movimentos pacifistas na Alemanha. A conversa, publicada como “O pacifismo de Einstein: uma conversa com Wolfram Wette”, aborda precisamente esta sua faceta.
Desde cedo, Einstein opôs-se ao militarismo e ao nacionalismo. Durante a Primeira Guerra Mundial, assinou um contramanifesto pacifista juntamente com outros dois cientistas e, particularmente após o conflito, participou ativamente em manifestações e campanhas pacifistas.
Com a ascensão de Hitler, viu-se forçado a rever o seu pacifismo absoluto, por reconhecer a necessidade de defesa ativa face ao nazismo. Exilado nos Estados Unidos, continuou a alertar para o perigo do regime nazi e, em 1939, assinou uma carta a Roosevelt incentivando o desenvolvimento da bomba atómica com o intuito de servir de proteção. Mais tarde considerou, no entanto, que este fora o “maior erro da sua vida”, pelo uso da mesma contra o Japão.
Nos anos seguintes, tornou-se grande defensor do desarmamento nuclear e da cooperação internacional, fundando o Emergency Committee of Atomic Scientists. Perto do fim da sua vida, apoiou ainda a criação de um governo mundial e, em 1955, assinou o Manifesto Einstein-Russell, apelando à humanidade dos líderes mundiais.
De acordo com a biografia publicada pelo Nobel Prize, Marie Curie foi uma cientista cuja vida refletiu igualmente um compromisso profundo para com a investigação científica e a responsabilidade ética da ciência.
Nascida em Varsóvia, mudou-se para Paris, onde realizou descobertas revolucionárias em física e química, tornando-se a primeira pessoa e a única mulher a receber dois Prémios Nobel em áreas diferentes: na Física em 1903 e na Química em 1911.
Durante a I Guerra Mundial, desenvolveu unidades móveis de radiografia, conhecidas como “Little Curies” ou “Petites Curies”, que foram fundamentais no tratamento de soldados feridos. Além disso, fundou o Instituto Curie, que continua a ser um centro de excelência em investigação médica. A sua dedicação à ciência e ao bem-estar da humanidade deixou um legado duradouro.
Mais do que uma cientista excecional, Marie Curie foi uma mulher visionária que compreendeu que o progresso científico só alcança o seu verdadeiro valor quando colocado ao serviço da vida. Inspirada pela crença de que “a ciência é a base de todo o progresso que alivia o sofrimento humano”, promoveu a colaboração entre médicos, investigadores e pensadores de diferentes países, antecipando uma visão moderna e global da ciência. O Instituto do Rádio - embrião do atual Instituto Curie - nasceu dessa convicção de que o conhecimento deve unir pessoas e servir o bem comum. A sua determinação, integridade e humanismo transformaram-na num símbolo intemporal do poder da ciência aliada à ética e à solidariedade.
Abdus Salam foi o primeiro cientista paquistanês a receber o Prémio Nobel de Física e um fervoroso defensor da educação científica como património essencial a toda a humanidade. Fundou em 1964 o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP), em Trieste, Itália, com o objetivo de proporcionar oportunidades de pesquisa a cientistas de países em desenvolvimento, promovendo desta forma a cooperação científica internacional como instrumento de paz e progresso. Este Centro tornou-se uma referência de excelência científica internacional, apoiado por organizações como a UNESCO e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Salam fundou também o International Nathiagali Summer College (INSC) em 1974, onde, todos os anos, cientistas de todo o mundo que se reúnem no Paquistão para discutir física e ciência, promovendo o intercâmbio de conhecimento e a colaboração internacional. O seu legado perdura assim através de ambos, do ICTP e do INSC, que continuam a promover a ciência como uma ferramenta para a paz e o desenvolvimento global.
Carl Sagan foi uma das vozes mais influentes na promoção da ciência como instrumento de paz e desenvolvimento sustentável. Ao longo da sua carreira, destacou-se pela sensibilização para questões ambientais, pela defesa da cooperação científica internacional e pela reflexão sobre os riscos existenciais que ameaçam a humanidade.
Em 1983, perante o Congresso dos Estados Unidos, comparou o efeito estufa na Terra com fenómenos observados em Vénus, Marte e Titã, sublinhando a necessidade urgente de ação global. Em 1990, participou no fórum A Global Environmental Awareness, onde discutiu desafios como o aquecimento global e a poluição, defendendo soluções colaborativas baseadas na ciência. No seu livro Cosmos, abordou ainda a explosão populacional e a vida extraterrestre, reforçando a necessidade de ações concretas para garantir um futuro sustentável.
Sagan também se dedicou a estudar o impacto da guerra nuclear no ambiente. Juntamente com outros cientistas, investigou o fenómeno do “inverno nuclear”, mostrando como a fuligem resultante de explosões nucleares poderia bloquear a luz solar, provocar uma queda drástica das temperaturas e comprometer a agricultura mundial. Estes estudos tiveram grande impacto na perceção pública sobre os riscos nucleares e reforçaram o movimento em prol do desarmamento.
A cooperação internacional era outro pilar do seu trabalho. Sagan participou em conferências conjuntas entre cientistas dos Estados Unidos e da União Soviética sobre comunicação com vida extraterrestre, simbolizando o esforço de transcender divisões ideológicas e promover uma visão unificada da humanidade. Para além disso, incentivou a ética ambiental global, recrutando dezenas de cientistas para uma carta aberta à comunidade religiosa, apelando ao reconhecimento do sagrado na natureza e à proteção do planeta.
“A ciência, quando guiada pela ética e pela empatia, torna-se o caminho mais seguro para a paz.”
– UNESCO
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