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ArtigoCiências da Saúde e da Vida18/11/2025
❌ Mito
É um erro comum pensar que os antibióticos servem para “curar tudo”. No entanto, a verdade é que estes medicamentos atuam apenas contra bactérias e não contra vírus. A gripe, a constipação e a maioria das infeções respiratórias sazonais são provocadas por vírus, e, nesses casos, os antibióticos simplesmente não são efizazes. Como explica o Manual MSD, os antibióticos são "medicamentos usados para tratar infeções bacterianas. Eles não são eficazes contra infeções virais. (...) Antibióticos destroem as bactérias ou detêm a sua reprodução, tornando mais fácil para as defesas naturais do organismo eliminá-las”. Em consonância, a Ordem dos Farmacêuticos alerta: “Não use antibióticos em gripes e constipações”.
Pensemos em algumas situações comuns a todos nós: uma gripe forte, uma constipação que teima em não passar ou uma dor de garganta típica de inverno. Em todos estes casos, o instinto pode ser tomar um antibiótico, mas esta não será a solução mais adequada. Nestes casos, os antibióticos não só são ineficazes, como podem causar mais mal do que bem. O tratamento correto passa por aliviar e tratar os sintomas (com repouso, hidratação e/ou a toma de antipiréticos quando indicados) e deixar que o sistema imunitário reaja e ganhe defesas capazes de eliminar o vírus, conforme relembrado pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC).
❌ Mito
Quando o médico prescreve um antibiótico, é fundamental cumpri-lo até ao fim, mesmo que os sintomas desapareçam antes. Pode parecer tentador interromper o tratamento assim que nos sentimos melhor, mas fazê-lo é um erro comum e perigoso. Como recorda o Manual MSD, “tomar os antibióticos conforme receitados é importante”, na dose, frequência e duração corretas. Interromper o antibiótico antes do tempo traz vários riscos associados que não devem ser descurados, como a persistência da infeção quando algumas bactérias não são totalmente eliminadas, mantendo a doença ativa. Além disso, as bactérias que sobrevivem podem desenvolver mecanismos que as tornem resistentes ao antibiótico usado e os sintomas podem voltar ou até agravar-se se o tratamento não for finalizado.
❌ Mito
Um outro mito sobre o uso de antibióticos é a ideia de que os antibióticos prejudicam o nosso sistema imunitário. Na realidade, não há qualquer prova de que isso aconteça. Pelo contrário, ao eliminar bactérias nocivas, os antibióticos ajudam a que as defesas naturais do organismo combatam a infeção. Por outras palavras, os antibióticos não “derrubam” o nosso sistema de defesa, mas ajudam-no a funcionar de forma mais eficaz contra as bactérias.
Outro mito bastante comum é pensar: “vou ficar resistente ao antibiótico”. Na verdade, as pessoas não se tornam imunes ou resistentes aos antibióticos: quem desenvolve resistência são as próprias bactérias que nos infetam. A Ordem dos Farmacêuticos esclarece que “os humanos e os animais não se tornam resistentes aos tratamentos com antibióticos, mas tal pode acontecer às bactérias” que carregamos. Ou seja, tomar antibióticos corretamente não nos torna resistentes; pelo contrário, ajuda a eliminar bactérias perigosas e a prevenir infeções futuras mais difíceis de tratar por poder favorecer microrganismos mais resistentes.
Tomar antibióticos corretamente (quando necessários e pelo tempo certo) não enfraquece o corpo nem torna ninguém “imune” aos mesmos. Pelo contrário, o maior perigo é usar antibióticos inadequadamente e favorecer microrganismos resistentes.
✔️ Verdade
O álcool, por si só, não aumenta nem diminui a eficácia da maior parte dos antibióticos. No entanto, segundo as Farmácias Portuguesas, pode interferir com o tratamento, reduzindo o tempo que o medicamento permanece na corrente sanguínea em concentrações adequadas ao seu efeito, uma vez que o consumo de bebidas alcoólicas favorece a eliminação do fármaco pela urina, através do aumento da quantidade e frequência urinárias. Além disso, o álcool pode comprometer o metabolismo de alguns antibióticos ao nível do fígado, potenciando a sua toxicidade e podendo originar, embora raramente, reações indesejadas. Pessoas que tenham problemas relacionados com o fígado devem ter especial atenção a esta combinação.
✔️ Verdade
Alguns antibióticos podem interferir com a ação de outros medicamentos, reduzindo a sua eficácia ou aumentando o risco de efeitos adversos. Por exemplo, a rifampicina pode diminuir o efeito dos anticoncecionais hormonais, enquanto os antibióticos do grupo das tetraciclinas podem interagir com suplementos de ferro, cálcio ou antiácidos, dificultando a absorção adequada do fármaco. Também existem antibióticos que potenciam o efeito de anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de hemorragia.
Antes de começar o tratamento, verifique sempre com um médico a possível interação do antibiótico com outra medicação faça regularmente, de forma a evitar efeitos secundários indesejados.
✔️ Verdade
Só um médico ou profissional de saúde pode avaliar se realmente existe uma infeção bacteriana, escolher o antibiótico adequado, a dose, a duração do tratamento e verificar se existem contra-indicações. A toma de antibióticos sem prescrição médica pode levar a uso inadequado, contribuindo para um dos graves problemas de saúde pública atuais: o desenvolvimento de resistência bacteriana a antibióticos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), só em 2019, a resistência a antibióticos foi diretamente responsável por cerca de 1,27 milhões de mortes, contribuindo para aproximadamente 4,95 milhões de mortes em todo o mundo. Em 2023, 1 em cada 6 infeções bacterianas confirmadas em laboratório eram resistentes aos tratamentos a antibióticos, o que equivale a um aumento de 40% na resistência das combinações patógeno-antibiótico monitorizadas pela OMS desde 2018.
Os antibióticos são poderosos, mas só funcionam contra bactérias. Por isso, não vão ajudar em gripes ou constipações virais;
Nunca interrompa o tratamento por iniciativa própria. Completar o ciclo indicado pelo médico é fundamental para eliminar a infeção e evitar que as bactérias se tornem resistentes;
Use antibióticos de forma responsável e sempre sob orientação médica.
Seguir estas regras ajuda a manter os antibióticos eficazes, protegendo a sua saúde e a de todos.
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