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ArticleExact Sciences and TechnologyNatural and Environmental Sciences09/08/2025
Data centers de IA consomem quantidades massivas de energia, água e minerais. Com o crescimento exponencial desta tecnologia, também estes centros têm tido uma grande expansão.
Segundo dados de abril deste ano, existem atualmente 11 mil data centers no mundo, sendo já responsáveis por cerca de 4% do consumo mundial de eletricidade, representando emissões significativas de CO2. A China é o país onde se encontra a maior concentração destes centros. Amazon, Google e Microsoft são alguns dos gigantes tecnológicos que lideram esta expansão.
Completando esta informação com outros dados, neste caso divulgados pela ONU no final do ano passado: “um assistente virtual baseado em IA consome 10 vezes mais eletricidade do que uma pesquisa no Google”. Também um Relatório de 2024 publicado pela Agência Internacional de Energia estima ainda que “no centro tecnológico da Irlanda, a ascensão da IA poderá fazer com que os data centers sejam responsáveis por quase 35% do uso de energia do país até 2026.”
Apesar de ainda ser uma problemática em crescimento e com muitos dados por aprofundar, existem já algumas empresas e países que, perante esta realidade, começam a adotar mecanismos para a promoção do uso responsável da Inteligência Artificial.
O Regulamento Europeu (AI Act), em vigor, de forma faseada, em agosto de 2024 e com aplicações mais concretas a partir de 2 de fevereiro de 2025, tornou obrigatório que empresas e utilizadores tenham formação nas várias vertentes da IA. A literacia nesta tecnologia passa, assim, a ser uma obrigação legal e um instrumento estratégico para uma adoção informada e responsável deste tipo de tecnologia.
De acordo com este Regulamento, a literacia em IA implica adquirir as competências e o conhecimento do seu impacto social e ambiental, fomentando a consciência não apenas das oportunidades como também dos riscos e consequências associadas à sua utilização. Apesar de ser documento ainda em desenvolvimento e dependente de contexto, a proteção de direitos fundamentais, o apoio à tomada de decisões informadas, a promoção de inovação segura e fiável e a sensibilização para benefícios, riscos e salvaguardas, bem como direitos e deveres associados, são alguns exemplos dos aspetos abrangidos por esta obrigação.
Segundo a ONU, mais de 190 países, tanto na Europa como os Estados Unidos, seguem o documento de Recomendação da UNESCO sobre o uso ético da IA, quer ao nível social como ambiental. Este documento tem como objetivo servir de guia universal de valores, princípios e ações para apoiar os Estados na criação de legislação, políticas e outros instrumentos essenciais na regulação da IA.
No panorama Português, existem projetos como o Bridge AI, apresentado no dia 28 de junho de 2024 à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias (CACDLG) do Parlamento Português, que surge do ecossistema do Center for Responsible AI. O seu objetivo primordial passa pela capacitação os decisores políticos e sociedade civil para a literacia em IA, através de um conhecimento multidisciplinar para a sua eficaz aplicação, alinhando a "inovação globalmente competitiva em IA com os princípios e valores europeus". Este projeto resulta de uma colaboração entre diversas instituições, nomeadamente a Fundação Champalimaud, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento de Lisboa (INESC-ID) e a Unbabel, entre outros.
Num cenário em que a literacia em Inteligência Artificial é cada vez mais vital para um desenvolvimento tecnológico ético e ambientalmente consciente, a formação online para grandes audiências pode tornar-se num agente ativo para capacitar a sociedade civil. A Plataforma NAU oferece centenas cursos de forma gratuita, inclusive em áreas relacionadas com tecnologias digitais e sustentabilidade, dotando os cidadãos, profissionais e empresas de competências para tomarem decisões mais responsáveis e alinhadas com os desafios ambientais e sociais. Desta forma, reforça-se o compromisso em preparar a sociedade portuguesa para um futuro onde inovação e sustentabilidade caminham lado a lado.
Os cursos de Inteligência Artificial na NAU dinamizados pela Academia Portugal Digital, órgão pertencente à Agência da Reforma Tecnológica do Estado (ARTE), combinam competências técnicas e aplicabilidade prática com a componente ética inerente à sua utilização. Com uma taxa de esforço estimada entre 3h e 4h em cada curso, ao ritmo do estudante, estas formações são indicadas para quem quer iniciar a sua jornada na utilização de ferramentas de IA de forma consciente e sustentável. As inscrições estão abertas até dezembro de 2026.
A NAU é cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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