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ArticleNatural and Environmental Sciences03/03/2025
Em 2018, o Governo português lançou a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade 2030, que visa proteger os recursos naturais através da criação e gestão de áreas protegidas, como parques naturais e reservas. Estas áreas servem de refúgio para inúmeras espécies nativas, assegurando a preservação dos seus habitats.
De acordo com o site da República Portuguesa, as áreas protegidas em Portugal simbolizam cerca de 34,8% do território terrestre de Portugal Continental, fazendo assim cumprir o previsto na Estratégia de Biodiversidade da União Europeia relativa a 2030. Dados de 2018 indicam que 71% das áreas protegidas em Portugal eram classificadas como Parques Naturais, 8% como Reservas Naturais e 8% como Parques Nacionais.
Em Portugal, aproximadamente 30% das espécies de mamíferos encontram-se ameaçadas de extinção. Segundo o Livro Vermelho dos Mamíferos, “as espécies de mamíferos mais ameaçadas do país, classificados como Criticamente Em Perigo (CR), são o boto (Phocoena phocoena), a orca (Orcinus orca) e o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii).”
Dentro da área da reintrodução e recuperação de espécies, um dos exemplos mais conhecido é o projeto de recuperação e reintrodução do lince-ibérico no Algarve. Desde 2014, esforços têm sido direcionados para a libertação e monitorização destes felinos em áreas como o Vale do Guadiana e Alcoutim, contribuindo para o aumento da população selvagem desta espécie ameaçada, conforme noticia o portal Wilder.
Outro projeto com este objetivo é o Lupi Lynx, divulgado pelo jornal Público em janeiro de 2024 e criado pela organização sem fins lucrativos Rewilding. Este projeto foca-se principalmente na criação de condições que permitam a coexistência harmoniosa e pacífica entre linces, lobos-ibéricos e as comunidades humanas na região da Beira Interior, promovendo ainda o desenvolvimento socioeconómico da região, através da dinamização de turismo de natureza, por exemplo.
“Melhorar as condições sociais e ecológicas que permitam a recuperação destas duas espécies ameaçadas da fauna portuguesa” é o objetivo do projeto, que tem a duração de cinco anos e um orçamento de cerca de 3,5 milhões de euros.
O projeto abrange cerca de 17 mil hectares e envolve a colaboração de várias entidades portuguesas, como a associação Biopolis/Cibio, a Plataforma de Ciência Aberta do Município de Figueira de Castelo Rodrigo e a Universidade de Aveiro, bem como entidades espanholas, nomeadamente, a Amus - Associação de Ação pelo Mundo Selvagem e a Junta de Extremadura.
Temos também o exemplo do Grupo Lobo, uma organização não-governamental e sem fins lucrativos, reconhecida com o estatuto de Utilidade Pública, cuja missão se centra na conservação do lobo-ibérico e do seu ecossistema em Portugal. Entre as suas iniciativas, destacam-se o programa multidisciplinar Signatus, que visa facilitar a coexistência entre o homem e o lobo através de investigação científica aplicada, educação ambiental e implementação de medidas práticas de preservação; e o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, um espaço de 18 hectares que proporciona um ambiente adequado a lobos que não podem viver em liberdade. O Grupo Lobo trabalha também com comunidades rurais na promoção do uso de cães de gado de raças nacionais, através do Programa Cão de Gado, de forma a reduzir os prejuízos causados pelo lobo e minimizar os conflitos daí resultantes.
Outro dos pontos fundamentais quando falamos em proteção da biodiversidade é o da educação e sensibilização ambiental. Nesse sentido, organizações não governamentais e instituições educativas promovem campanhas de educação ambiental com o intuito de envolver as comunidades locais na proteção das espécies nativas. Estas iniciativas podem incluir dinâmicas e ações de voluntariado, workshops ou outras atividades práticas, palestras que destacam a importância da biodiversidade e incentivam práticas sustentáveis.
O projeto LIFE DUNAS realizou ações de sensibilização em Porto Santo, focando-se no controlo de espécies invasoras nas dunas locais. Estas atividades envolveram a comunidade na remoção de plantas exóticas, promovendo a literacia sobre o tema e preservação dos ecossistemas dunares.
Outro exemplo é o do município de Albufeira, que desenvolveu programas educativos para aumentar a diversidade de aves em meio urbano. Estas iniciativas incluem a instalação de caixas-ninho e ações de sensibilização sobre a importância das aves no equilíbrio dos ecossistemas.
A investigação científica é também crucial para a conservação da biodiversidade. Estudos sobre ecologia, comportamento e genética das espécies fornecem dados essenciais para a implementação de medidas de conservação eficazes. A monitorização contínua das populações permite avaliar o sucesso das iniciativas e ajustar estratégias conforme necessário.
O projeto PORBIOTA destaca-se como uma e-infraestrutura nacional, de acesso aberto, que gere dados de biodiversidade, integrando-os numa plataforma europeia de investigação. Esta iniciativa dedica-se à organização, mobilização, preservação e disseminação de dados ambientais e de biodiversidade, prestando ainda apoio à investigação de ecossistemas e biodiversidade e tomada de decisões, ligando a academia, administração pública e sociedade civil.
Adicionalmente, o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) desenvolveu o projeto BiodivAMP, com o intuito de criar ferramentas para a monitorização e proteção da biodiversidade em Áreas Marinhas Protegidas. Este projeto visa assegurar a preservação dos ecossistemas marinhos e das espécies que neles habitam.
A formação online pode ser um meio eficaz de sensibilizar e aumentar a literacia do cidadão comum em questões de sustentabilidade. Na Plataforma NAU, estão disponíveis vários cursos ligados a estas temáticas, abordando-as de forma multidisciplinar e holística. Neste momento, têm inscrições abertas o curso do Politécnico de Lisboa “Sustentabilidade Ambiental - Mobilizar, Observar e Operacionalizar” e o curso da Common Home of Humanity “Sistema Terrestre, o Bem Comum Global”.
A NAU é cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resilliência (PRR).
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