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ArticleSocial Sciences03/08/2025
O relatório “Women Matter Iberia” da consultora McKinsey, divulgado em fevereiro de 2023 pelo Público, aponta que, embora 85% das mulheres acreditem ter iguais oportunidade de progressão ao ingressar numa nova empresa, essa perceção diminui para 59% após cinco anos.
Esta perceção está ligada à realidade do mundo profissional, onde as mulheres enfrentam diversos obstáculos no que se refere a alcançar posições de topo nas empresas. Apesar de representarem 59% da população ativa e apresentarem níveis de escolaridade superiores aos dos homens, os dados revelam que a representação feminina diminui à medida que a responsabilidade dos cargos aumenta, sendo a sua presença em cargos de topo mais limitada.
De acordo com um estudo da Informa News, publicado em março de 2024, apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança em Portugal são ocupados por mulheres. Esta discrepância é mais acentuada em grandes empresas, onde apenas 19% dos cargos de gestão são desempenhados por mulheres. Além disso, apenas 17% das funções de direção-geral e 16% das presidências nos conselhos de administração são ocupados por mulheres.
Esta sub-representação sugere que, além das qualificações, outros fatores, como preconceitos culturais e falta de políticas de conciliação entre a vida profissional e pessoal, continuam a representar barreiras significativas. Um desses fatores, mencionado também no estudo da estudo da McKinsey, relaciona-se com o facto de, apesar de 80% das empresas oferecerem medidas de apoio a trabalhadores com filhos, 49% das mulheres ainda assumem a maioria ou a totalidade das tarefas domésticas, o que tem um claro e direto impacto na vida profissional.
Embora tenha havido progressos no que diz respeito à redução da desigualdade salarial, as disparidades persistem. Dados de 2022, como noticia o Jornal Expresso, revelam que a diferença salarial entre homens e mulheres em Portugal era de 12,5% favorável aos homens, no caso de cargos de liderança, e de 5,1% em cargos médios de gestão. Em dezembro de 2023, os homens tinham um salário médio de pouco mais de 1.650€, enquanto o das mulheres era de pouco mais de 1.350€, indicando, assim, uma diferença de cerca de 300€.
O artigo da Abilways destaca que a liderança feminina nas empresas portuguesas tem aumentado progressivamente desde 2011. Em 2022, cerca de 34% dos cargos de gestão em Portugal eram ocupados por mulheres, um crescimento face a anos anteriores. No entanto, nas grandes empresas, apenas 19% das posições de topo são ocupadas por mulheres. Pequenas empresas e startups demonstram maior inclusão, refletindo uma mudança cultural positiva, mas ainda há desafios a superar.
Um outro estudo liderado pela Informa DB destaca ainda que empresas lideradas por mulheres tendem a ser mais inclusivas, com 78% das equipas de gestão mistas e 22% exclusivamente femininas, em contraste com 48% de equipas de gestão mistas nas empresas lideradas por homens.
Para combater esta sub-representação, muitas mulheres têm formado redes de apoio e participado em programas de mentoria. Estas iniciativas visam superar barreiras estruturais e promover o desenvolvimento profissional feminino, criando referências em setores tradicionalmente mais dominados por homens. Um dos exemplos dentro do setor imobiliário, a WIRE Portugal (Women in Real Estate), consiste num programa de mentoria que visa desenvolver competências, fortalecer redes de contacto e auxiliar no planeamento de carreiras.
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